Com o Yoga Tablet 10, a Lenovo aposta em um produto com formato diferenciado na tentativa de chamar a atenção do público. Contando com uma espécie de alça lateral, o dispositivo pode ser usado de maneiras variadas, se adaptando a diferentes cenários de forma inteligente.
Contando com um display de 10,1 polegadas com resolução 1280x800 pixels, processador quad-core e a versão 4.2.2 do Android, o produto tenta ser uma alternativa mais barata a dispositivos como o Nexus 10 e o iPad. Nesta análise, você descobre se a fabricante chinesa conseguiu cumprir seu intento ou se ainda é uma melhor ideia investir em produtos da concorrência.
Testes de desempenho
Aprovado
Design diferenciado
O primeiro aspecto que chama atenção ao nos depararmos com o Yoga Tablet 10 é seu design diferenciado. Contando com uma espécie de alça em sua lateral, que revela um pequeno apoio para superfícies, o tablet parece estranho em um primeiro momento, mas basta utilizá-lo durante alguns minutos para entender os motivos que levaram a Lenovo a investir nesse formato.
Graças a uma pequena dobradiça localizada na parte traseira do dispositivo, é possível ajustá-lo em ângulos que se adaptam a diferentes tipos de uso. Enquanto o “modo de inclinação” serve para facilitar a digitação de textos, acesso a jogos e a navegação pela internet, o “modo suporte” se mostra mais adequado à reprodução de vídeos, lembrando um pouco uma televisão pequena.
Por fim, o “modo de suspensão” é acionado recolhendo o suporte, permitindo que você segure o aparelho com segurança usando somente uma única mão. Embora essa solução resulte em um aparelho cujo peso se prova um pouco mal distribuído, isso permitiu à fabricante criar um tablet cujo corpo é bastante fino na maior parte de sua extensão e que pode ser segurado com um nível de segurança pouco visto entre gadgets concorrentes.
No entanto, é preciso notar que leva certo tempo para você se acostumar com o posicionamento da câmera traseira, que fica em uma área normalmente destinada aos dedos. O posicionamento do botão controlador de volume também não é ideal, se mostrando adequado somente quando o aparelho é usado no modo retrato. Felizmente, esses inconvenientes se mostram irrelevantes depois que nos acostumamos com o formato único do Yoga Tablet 10.
Outro ponto que vale mencionar é que, mesmo se tratando de um tablet relativamente barato para a sua categoria, o gadget é construído com produtos de qualidade. Contando com um acabamento externo em metal, o dispositivo se mostra discreto, não apresentando nada que distraia o usuário daquilo que está sendo mostrado pelo display do aparelho.
Duração da bateria
Para testar o desempenho da bateria do Yoga Tablet 10, realizamos o mesmo procedimento-padrão utilizado em outras de nossas análises. Após nos certificarmos de que o aparelho estava com 100% de bateria, ajustamos o brilho de tela para metade de sua capacidade máxima e iniciamos a reprodução contínua de vídeos com resolução 720p até que o dispositivo parasse de funcionar.
Sob essas condições, o aparelho conseguiu continuar funcionando normalmente durante pouco mais de 6 horas, marca invejável para um gadget de sua categoria. No entanto, esse tempo de vida pode se prolongar durante um tempo ainda maior graças à bateria de 9.000 mAh localizada na espécie de alça lateral do aparelho (o que ajuda a justificar o tamanho dessa parte).
Na prática, conseguimos utilizar o Yoga Tablet 10 durante dois dias de forma intensa sem que fosse preciso sequer pensar em conectá-lo a uma fonte de alimentação. Assim, a não ser que você insista em abusar das capacidades do aparelho, ele se mostra uma ótima opção tanto em viagens prolongadas quanto para o uso cotidiano.
Aplicativos inclusos
Ao contrário do que parece ter se tornado uma regra na indústria dos eletrônicos, os aplicativos proprietários que acompanham o Yoga Tablet 10 não se mostram totalmente inúteis. Embora a inclusão de alguns deles não faça sentido (como aqueles que se tratam de meros vídeos promocionais do aparelho), opções como o Norton Mobile e o Kingsoft Office se mostram bastante úteis.
Enquanto o primeiro se trata de um aplicativo de proteção contra malwares bastante conhecido, o segundo é uma suíte de aplicativos que permite criar textos no formato DOC e TXT, apresentações em PPT e planilhas XLS. Oferecendo uma interface simples e a possibilidade de salvar os documentos criados na memória do aparelho ou em cartões microSD (ou enviá-los por email), o app se mostra uma ótima forma de realizar trabalhos quando um computador tradicional não está à disposição.
Fora isso, o tablet também vem acompanhado por aplicativos menos chamativos como o Navigate 6 (aplicativo semelhante ao Google Maps, porém menos completo) e um Gestor de Energia proprietário. Felizmente, não há qualquer restrição que impeça você de remover programas que não julga úteis como forma de liberar espaço na memória interna do gadget.
Reprovado
Display com baixa resolução
Infelizmente, no que a Lenovo acerta em relação ao tamanho da tela de seu aparelho, a empresa erra ao restringi-la à resolução máxima de 1280x800 pixels. O resultado disso é um aparelho que mostra elementos de maneira notavelmente pixelizada, o que pode atrapalhar tanto quem deseja utilizá-lo para tarefas cotidianas (como ler um texto) quanto aqueles que gostam de jogar em aparelhos portáteis.
Embora a aposta em um dispositivo que não possua uma tela em resolução Full HD faça sentido quando se leva em consideração o preço cobrado pela fabricante, ela parece incoerente com o fato de que o Yoga Tablet 10 claramente é voltado para a reprodução de arquivos multimídia. Poucas coisas são mais frustrantes que tentar assistir a um vídeo na tela do aparelho só para se pegar percebendo que é difícil vê-lo com uma quantidade adequada de detalhes.
Outro problema nesse sentido é o fato de o dispositivo exibir cores de forma apagada, o que tira o atrativo visto em muitos jogos e aplicativos. Para completar, o aparelho possui ângulos de visão competentes, característica que se mantém somente em ambientes fechados — caso o gadget seja exposto diretamente à luz, fica difícil enxergar o que está sendo exibido em sua tela.
Desempenho decepcionante
Outro ponto no qual o aparelho peca é em seu desempenho, que não parece compatível com o que se espera de um processador com quatro núcleos. Apesar de o dispositivo claramente não ser feito para rodar tarefas pesadas, choca o fato de ele apresentar lentidões até mesmo durante processos normais, como alternar entre as diferentes janelas de aplicativos disponíveis.
Mesmo quando o aparelho é reiniciado e são usados aplicativos responsáveis por fechar quaisquer processos não essenciais, a sensação de que o dispositivo está operando em uma velocidade abaixo da necessária permanece. Embora isso não impeça o acesso a páginas da internet e a ações como editar textos, em nenhum momento é possível ficar livre de algumas “engasgadas”.
Porém, a falta de poder do aparelho é sentida principalmente na hora de reproduzir vídeos em alta definição e durante a reprodução de jogos. Enquanto no primeiro caso é comum ter que esperar alguns segundos antes que o tablet consiga processar dados corretamente (o que não impede momentos de lentidão durante a experiência), no segundo é difícil ter uma experiência realmente confortável, ao menos quando softwares mais complexos são executados.
Embora o aparelho consiga rodar sem problemas jogos simples, como Angry Birds e Jetpack Joyride, o mesmo não pode ser dito de títulos mais pesados, como Asphault 8. Nesses casos, embora seja possível jogar, isso ocorre com tantas quedas na taxa de quadros por segundo que em questão de pouco tempo você vai se pegar desistindo e fechando o aplicativo.
Android modificado para pior
Prática comum entre diversas empresas da tecnologia, a modificação da experiência básica oferecida pelo sistema operacional Android em nada beneficia o Yoga Tablet 10. Embora a interface do aparelho se assemelhe muito ao visual-padrão da plataforma, a maneira como o dispositivo se comporta fica aquém da experiência básica desenvolvida pela Google.
Além da já mencionada lentidão (que sinaliza certa falta de otimização por parte da Lenovo), o sistema sofre por excluir totalmente o acesso à opção “Aplicativos”. Com isso, todos os programas baixados são deixados obrigatoriamente nas várias páginas que se espalham pela homescreen do aparelho.
Apesar de ser possível criar pastas para agrupar aplicativos, isso não chega a resolver completamente o problema. Assim, ou o usuário se acostuma a perder um bom tempo navegando por diferentes páginas para encontrar aquilo que deseja, ou gasta um período considerável organizando os atalhos manualmente.
Vale a pena?
Mesmo levando em consideração o preço cobrado pelo Yoga Tablet 10 no exterior (US$ 300), é difícil não ficar decepcionado com o que o aparelho tem a oferecer. Embora a Lenovo tenha acertado ao apostar em um design diferenciado, a empresa peca ao equipar o produto com um hardware decepcionante, que mal se mostra capaz de lidar com operações simples sem apresentar lentidões ou travamentos.
Combinado à baixa resolução da tela do aparelho, isso resulta em uma experiência de uso que fica muito aquém do desejado. Em vez de oferecer o produto versátil prometido em suas propagandas, a fabricante na verdade lançou um dispositivo simplesmente mediano, que não consegue competir no mesmo nível de rivais como o iPad ou até mesmo a versão 2013 do Nexus 7 que, apesar de ter uma tela menor, possui um desempenho muito melhor.
Ainda sem previsão de lançamento no Brasil, o Yoga Tablet 10 é um tablet cujas características se adéquam bem ao preço cobrado por ele no exterior, o que não é algo necessariamente bom. Mesmo tendo qualidades, o produto peca em quesitos essenciais, algo que o torna recomendado somente para quem não tem como investir um pouco mais para adquirir um produto com características mais completas.
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