Quanto espaço em disco um usuário comum precisa? Para alguns, 200 GB já é o suficiente para atender à grande parte das necessidades de fotos, música e vídeos. Outros estão acostumados a utilizar serviços na nuvem e necessitam de somente alguns poucos gigabytes, mas o disco rígido da Seagate que vamos conhecer hoje não é voltado para nenhum desses dois tipos de usuários e sim para aqueles que possuem uma máquina ligada 24 horas por dia na rede transferindo arquivos.
Esses usuários costumam utilizar desktops com vários discos rígidos dedicados a armazenar dados e não estamos falando de pouca coisa. Em geral são modelos de 1 terabyte ou mais e o limite é a quantidade de portas SATA disponíveis na placa-mãe, sendo a única solução para quem precisa de muito, mas muito espaço disponível. Há poucos meses tínhamos discos rígidos de no máximo 3 terabytes devido às restrições físicas e tecnológicas do processo de fabricação de HDs, então que tal um que suporte até 4 terabytes?
Exatamente, cerca de 4000 gigabytes em um único disco para insultar o limite de 2 terabytes imposto pelo MBR de alguns computadores mais antigos, que exigiam a instalação de um programa específico para criar uma partição com todo o espaço disponível (é possível criar duas partições de 2 terabytes cada uma, mas qual é a graça?) chamado
DiskWizard e desenvolvido e mantido pela própria Seagate. Com ele é possível ter uma partição gigantesca implorando por uma enorme quantidade de filmes em altíssima definição,
backups completos e qualquer outro tipo de arquivo que não se preocupa com o tamanho que ocupa.
Ok, o HD tem 4 terabytes de capacidade. Encerramos por aqui então, certo? Afinal não temos muito mais o que falar, correto? Não! A performance do Seagate 4 TB nos deixou de boca aberta e nos fez reconsiderar nossa opinião sobre discos rígidos, afinal, quase nenhum modelo de HD que testamos até aqui conseguiu sustentar mais de 111 MB/s de transferência contínua. Rodamos alguns testes neste modelo e veja por que ficamos surpresos.
Configuração de testes
- Processador: APU AMD A10-6800K, 4 cores rodando a 4,1 GHz (geração Richland), turbo de 4,4 GHz
- Memória: 8 GB DDR3 rodando a 1600 MHz em dois canais (Kingston)
- Placa-mãe: ASUS A85X (Hudson)
- Disco primário: Western Digital 500 GB 7200 RPM Sata III
- Fonte: 3RSystem IceAge 500 watts
- Windows 7 SP1 Ultimate
HD Tune Pro 5.50
O HD Tune Pro é uma das suítes mais completas de testes de discos rígidos, SSDs, Memórias RAM e até pendrives. O software é capaz de realizar inúmeros testes bastante detalhados e assim avaliar esses dispositivos em situações reais de uso. Na aba "Info" são listados os recursos do HD de 4 TB da Seagate, que se trata de um modelo com interface SATA III e possui todos os recursos esperados de um HD. Curiosamente, não se trata de um modelo com 5400 RPM nem 7200 RPM, mas 5900 RPM, o que a torna bastante silenciosa para um modelo desktop . Também não há TRIM, algo esperado em um disco rígido.
Nos testes de leitura de dados do HD Tune Pro, o HD de 4 TB da Seagate obteve a performance próxima de um HD convencional, alcançando uma média de 132 MB/s de velocidade de transferência, com um pico de 166,1 MB/s e um mínimo de 74 MB/s, resultados surpreendentes para um HD. Estes números o colocam lado a lado com alguns SSDs de entrada. Pelo gráfico, podemos ver que o desempenho cai de forma contínua para arquivos muito grandes, como acontece em discos rígidos comuns.
Pela aba "File Benchmark", realizamos o teste de transferência de arquivos do HD Tune, que é mais rigoroso do que o de outros programas, e alcançamos velocidades de 133 MB/s de leitura e 120 MB/s de escrita, valores consideravelmente superiores ao de muitos HDs convencionais. Mesmo quando olhamos os tempos de acesso (linhas "4 KB random single" e "4 KB random multi") o HD de 4 TB se sai cerca de 50% melhor do que a maioria dos discos que temos no mercado.
Em testes de acesso aleatório esperávamos que o HD de 4 TB alcançasse resultados melhores do que discos convencionais devido aos bons resultados anteriores, mas nos enganamos. Aparentemente, melhorias no desenvolvimento de um HD não superam as limitações desses dispositivos que, por serem mecânicos, não conseguem alcançar tempos baixíssimos de acesso como vemos nos SSDs. Neste teste, o modelo de 4 TB da Seagate se saiu basicamente como qualquer HD convencional, alcançando basicamente o mesmo número de operações por segundo (IOPS).
CrystalDiskMark 3
O
CrystalDisk Mark é um programa gratuito e bastante simples, feito para medir o desempenho de dispositivos de armazenamento, e utilizamos blocos de 1000
MB como referência para os testes. Os resultados mostrados são as médias dos cinco resultados obtidos por operação e ficaram dentro do esperado e muito próximos dos alcançados no HD Tune Pro 5.50. Novamente temos um resultado bem melhor do que o de um HD convencional em leitura/escrita contínua, e ainda cravando um belo resultado em escrita de dados aleatórios. Curiosamente, ele se saiu pior do que o HD Tune Pro, programa que durante os testes sempre foi mais exigente do que CrystalDiskMark.
ATTO Benchmark
Utilizado por muitas empresas para comprovar as taxas de transferência de memórias primárias (memória RAM) e secundárias (discos rígidos e SSDs), o ATTO Benchmark realiza transferência de blocos de dados de 512 bytes até 8 MB e disponibiliza o resultado na forma de gráficos de barras. O desempenho ficou novamente muito próximo de um HD primário, com taxas de transferência mais baixas para blocos de 512 bytes até 8 KB e se comportando de forma estável entre 8 KB e 8 MB.
Neste teste os resultados foram os mesmos alcançados pelo CrystalDskMark, mostrando que há um padrão nas velocidades alcançadas, em geral cerca de 30% maiores do que um disco convencional.
Conclusão
O modelo de 4 terabytes da Seagate pode ser encontrado no Brasil por cerca de R$ 1000, preço mais alto do que quatro discos de 1 terabyte ou 2 discos de 2 terabytes. Para quem precisa de uma quantidade fora do comum de armazenamento ele é sim uma boa opção, lembrando que estamos falando de usuários que normalmente já possuem vários discos de 2 TB em suas máquinas e a única possibilidade é aumentar a capacidade por disco. Para este público, espaço sobrando nunca é demais.
A maior velocidade de transferência é uma boa notícia, claro, mas é difícil ver utilidade neste modelo como disco de armazenamento primário, sendo uma abordagem melhor utilizar um SSD de 128 GB ou 256 para o sistema e programas e discos maiores somente como dados, já que o benefício de velocidade contínua não é tão interessante se não é acompanhado de tempos de acesso menores.
Conversamos com o pessoal da Seagate e perguntamos qual é a técnica utilizada neste modelo, mais rápido do que HDs convencionais. Basicamente foi feita uma construção do zero em um projeto totalmente novo. Isso significa peças internas com tecnologia mais avançada, buffer maior (64MB) e mais rápido e um algoritmo mais inteligente da controladora de discos.
Fonte: http://canaltech.com.br/