A Samsung conseguiu alcançar um feito antes restrito apenas à Apple: criar filas enormes de usuários ansiosos para comprar a nova versão de um aparelho, não importando o preço. Durante a pré-venda realizada na Fast Shop no dia 27/04, as pessoas já se organizavam nas ruas de São Paulo antes mesmo de o shopping abrir, e seguranças foram necessários para manter a loja organizada. Todos estavam ansiosos para serem os primeiros a garantir seu Galaxy S4, e hoje vamos conhecer cada detalhe do novo modelo top de linha da empresa.
Comparações com o Galaxy S3 são inevitáveis, afinal o irmão mais velho é bastante parecido, mas lado a lado é fácil diferenciar um do outro. O Galaxy S4 tem exatamente o mesmo comprimento do S3, mas está um pouco mais leve (130 gramas contra 133 gramas), menos largo (69.8 milímetros contra 70,6 do S3) e é o primeiro smartphone Android a ter menos de 8 milímetros do mundo (7,9), enquanto o modelo anterior tem 8,6 milímetros.
Na prática essas diferenças são imperceptíveis. A "pegada" dos dois é praticamente a mesma, com a diferença de que a tela, agora com 5 polegadas (ok, Samsung, 4,99 polegadas) ocupa um espaço maior. Mas o S4 traz a diferença de ter laterais de alumínio, o que dá mais firmeza ao segurá-lo com uma das mãos. Quem está acostumado com smartphone com bordas finas, como o Razr i da Motorola, não sentirá tanta diferença, mas quem pretende migrar do S3 para o S4 terá que passar por uma pequena curva de aprendizagem na hora de utilizar o teclado.
A resolução da tela é sensacional. É preciso olhar bem de perto para perceber alguma diferença em relação à tela HD do S3, mas a combinação de uma resolução incrivelmente alta (Full HD, 1920x1080) com a tecnologia Super AMOLED da Samsung torna difícil acreditar que as imagens são formadas por uma combinação de pontos. Tudo bem que são mais de 2 milhões de pontinhos, resultando em uma densidade de pixels de 441 pontos por polegada — o que faz com que a tela Retina do iPhone pareça uma brincadeira de mau gosto.
O S4 agora vem com o Gorilla Glass 3, o que em teoria deixaria a tela praticamente indestrutível. Realmente a sensação de segurança é muito maior, mas em um crash-test entre Galaxy S3, Galaxy S4 e iPhone 5, o S4 levou a pior. Então, mesmo que ele seja mais resistente do que a versão anterior, é melhor tomar cuidado com quedas, especialmente se o aparelho cair de quina no chão.
Imagem capturada pela câmera traseira do S4 (Foto: Pedro Cipoli/Canaltech)
Software no Galaxy S4
Como deixamos claro em nosso hands-on, o Android fica "escondido" no S4 devido à fortíssima implementação da TouchWiz, interface gráfica dos aparelhos da Samsung. Mesmo trazendo o Jelly Bean 4.2.2 de fábrica, versão mais recente do sistema operacional até então, o visual é muito parecido com o do S3, mesmo quando este ainda rodava o Android 4.0 Ice Cream Sandwich. A diferença fica por parte dos wallpapers da tela de bloqueio e da tela inicial, escolhidas naturalmente para destacar cores vibrantes, embora sejam mais "sem graça" do que as escolhidos na versão anterior.
Ao mexeremos um pouco no S4, percebemos que o foco da Samsung realmente está no software, não no hardware (de que falaremos mais adiante). Além de muitos dos aplicativos já embarcados no S3, como o S Voice, S Planner e S Memo, temos no S4 várias novidades que dependem de software, unicamente, quanto outras que exigem sensores específicos (que agora são nove) para serem realizadas:
- Exibição suspensa: com o dedo a um ou dois centímeros da tela é possível visualizar uma prévia do conteúdo;
- Gesto suspenso: permite rolar páginas de e-mail ou da internet passando a palma da mão sobre a tela sem encostar nela;
- Smart Stay: a tela fica liga enquanto o usuário está olhando para ela e pausa um vídeo quando "sentir" que o usuário desviou o seu olhar;
- Smart Scroll: ao olhar para o final de um texto, a página é rolada automaticamente;
- Screen Mirroring: procura por telas compatíveis na rede e, caso encontre, espelha o que está sendo mostrado no smartphone via rede sem fio;
- Multijanela: permite manipular duas janelas independentes ao mesmo tempo, recurso recém implementado no Galaxy S3;
- S Health: aplicativo voltado para a saúde, capaz de calcular calorias de vários tipos de refeições, contar passos e quilômetros e estabalecer metas de perda de peso;
- S Translator: app que traduz idiomas tanto por texto quanto por voz;
- Dual View: sistema capaz de utilizar a câmera traseira e frontal simultaneamente, inclusive em vídeochamadas pelo Skype.
Todos esses novos recursos e softwares permitem uma forma diferente de lidar com o smartphone, e facilitam o dia a dia. Alguns deles são apenas para mostrar para os amigos, mas mostram uma tendência atual da Samsung em investir em recursos exclusivos, não em especificações, tentando cada vez mais melhorar a interação e experiência de usuários com smartphones, já que a cada dia que passa, nos tornamos cada vez mais dependentes deles.
Imagem capturada pela câmera dianteira do S4 (Foto: Pedro Cipoli/Canaltech)
Um recurso bastante anuncidado pela Samsung, o Knox, não se mostrou disponível para o S4 até o fechamento desta matéria. Durante o evento de lançamento oficial do Galaxy S4, perguntamos quando o recurso seria lançado, e o vice-presidente de telecomunicações da Samsung, Michel Piestun, nos disse que a partir de maio ele começaria a aparecer nos aparelhos. O Knox divide o smarpthone em área pessoal e corporativa, e foi provavelmente implementado para abocanhar o público profissional que utiliza o Blackberry, que traz um recurso semelhante.
A escolha por uma enorme quantidade de softwares pré-instalados faz com que o usuário não precise ficar procurando apps que façam recursos semelhantes na Play Store, mas cobram um preço bastante alto: dos 16 GB de memória interna do S4, apenas 8 ficam disponíveis para os dados do usuário, já que os softwares e o Android em si consomem quase 8 GB. Não seria mais sincero vender o S4 como um modelo de 8 GB?
O exemplar que recebemos é a versão quad-core, pois o chip octo-core (Exynos 5) é incompatível com o modem 4G. Estamos falando do SoC Snapdragon 600 da Qualcomm, um monstro de 4 núcleos baseados no Cortex-A15, rodando a 1,9 GHz com arquitetura Krait, 2 GB de memória RAM LPDDR3 e uma GPU Adreno 320. Em termos práticos, não há nada que não rode no Galaxy S4, mesmo com uma resolução tão alta (a não ser que a Gameloft lance mais um de seus famosos jogos que fazem qualquer PC de mesa chorar).
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Lado a lado: o tão esperado benchmark
Em termos numéricos, rodamos dois benchmarks famosos do Android: o Quadrant Standard Edition e o Antutu. No primeiro, já pudemos perceber a superioridade do S4 em relação ao S3, e na imagem abaixo, postamos os resultados de ambos (S3 à esquerda e S4 à direita). Pelo teste, percebe-se que o S4 teve mais do dobro de potência que seu antecessor:
No Antutu, a diferença foi um pouco menor, de "apenas" 78%:
No dia dia, porém, essa diferença é pouco perceptível. O Galaxy S3 ainda tem gás o suficiente para rodar praticamente qualquer app disponível na Play Store atualmente, com apenas algumas exceções de games muito pesados (como os mais novos da Gameloft). A diferença não aparece apenas devido ao clock mais alto (1,9 GHz contra 1,4 GHz), mas também por uma mudança dearquitetura, já que o Galaxy S3 utiliza núcleos baseados no Cortex-A9, que não são tão sofisticados quanto os Cortex-A15.
Câmeras
As câmeras também receberam upgrades: a traseira agora conta com 13 megapixels (mas ainda filma em Full HD) e a frontal agora é de 2 megapixels, capaz de filmar em Full HD. Na câmera frontal notamos uma melhora considerável de qualidade, mas a traseira não é tão diferente da do modelo anterior. Aumentar a quantidade de megapixels não é sinônimo de qualidade, e pudemos perceber que os vídeos são praticamente idênticos aos do S3 e as fotos são apenas maiores.
Imagem capturada pela câmera traseira do S4 (Foto: Pedro Cipoli/Canaltech)
No quesito fotografia, o Xperia ZQ da Sony se sai muito melhor, trazendo os mesmos 13 megapixels, mas tirando fotos com mais qualidade. Investir em um sensor melhor mantendo os 8 megapixels seria uma escolha mais plausível do que somente aumentar a quantidade de pontos que a câmera é capaz de capturar. Não estamos dizendo que a câmera é ruim, mas sim que esperávamos uma evolução mais perceptível em relação à edição anterior do aparelho.
Cabos
A embalagem inclui um carregador e um cabo USB separado e um fone de ouvido extremamente parecido com o do Galaxy S3, sendo diferente apenas por trazer um cabo flat para evitar a mágica que os cabos comuns conseguem de se auto-enrolar. Como a conexão USB do S4 suporta MHL (capaz de transmitir sinais de vídeo), seria muito legal se a Samsung incluísse um cabo compatível na embalagem, considerando a dificuldade de encontrá-lo à venda em qualquer lugar que seja.
GPS
GPS para o S4 é o que não falta. O aparelho suporta tanto o GPS convencional quanto A-GPS e GLONASS. Isso significa que o usuário não terá problemas para se localizar com uma precisão absurda, e a integração com o Google Now é bastante eficiente. Seja para traçar rotas em cidades ou para percorrer um trajeto de carro, não experimentamos nenhum problema de escolhas erradas de caminho. Tudo correu bem enquanto ao identificar pontos de trânsito e selecionar rotas por tempo ou distância percorrida.
Bateria e autonomia
O processamento aumentou, a tela ficou mais avançada e foram incluídos novos sensores, então é de se esperar que a autonomia seja menor, certo? A Samsung inclui uma bateria de nada mais nada menos do que 2600 mAh, perdendo apenas para alguns modelos como o Razr MAXX (que traz 3300 mAh de capacidade), mas a autonomia é praticamente a mesma do S3, o que é se de se esperar, considerando o enrome upgrade nas especificações.
Quando deixamos todos os sensores ligados, definimos a sensibilidade da tela mais alta (que permite realizar tarefas touch perfeitamente, mesmo com luvas), ativamos conexão de dados, bem como NFC, Bluetooth e assim por diante, tivemos que levar o carregador para onde fôssemos, já que o S4 não aguenta nem um dia. Mas junto à infinidade de aplicativos que a Samsung instalou, estão dois tipos diferentes de gerenciadores de energia, que nos dão uma bela ajuda.
Um deles funciona de forma muito parecida com o JuiceDefender, ligando a conexão de dados a cada 30 minutos para receber as atualizações (o que é interessante para quem está na frente do PC) e o outro diminui um pouco a potência do processador para economizar bateria (vamos ser sinceros: ninguém precisa de 4 núcleos rodando a 1,9 GHz para ver e-mails ou rodar um game mais leve). Não reparamos nenhuma queda no desempenho do sistema ou dos aplicativos.
O modelo que recebemos veio também com uma S View Cover, uma capa protetora oficial da Samsung que possui um visor para atender ligações e visualizar a hora quando a tela estiver desligada. É um bom quebra galho, mas atrapalha na hora de tirar fotos e gravar vídeos, devido à proteção de plástico. Esta capa é vendida separadamente por R$ 250, sendo uma boa opção para quem quer dar uma proteção extra à tela para que esta não risque ao se colocar o smartphone no bolso ou com a tela para baixo sobre uma mesa.
Veja cada detalhe do Galaxy S4 em nossa galeria:
Conclusão
O modelo do Galaxy S4 com conexão 4G e processador quad-core que testamos começará a ser vendido pelo preço de R$ 2.499 na maioria das lojas de departamentos de São Paulo e Brasília. A versão 3G com processador Exynos 5 Octa sai por R$ 2.399, e ambos são vendidos nas cores branca e preta. Sim, é um preço bastante alto, mesmo considerando os recursos que o gadgetoferece, já que boa parte de seu sucesso se deve à posição privilegiada que a Samsung alcançou dentro do mercado de smartphones, tornando-se o único aparelho que vem à mente quando pensamos em um concorrente para o iPhone 5.
Sem dúvidas, o Galaxy S4 é o modelo Android mais sofisticado que pode ser encontrado no Brasil, trazendo basicamente todos os recursos mais atuais, do NFC e GLONASS ao Bluetooth 4.0 e 4G — e não tem concorrentes diretos por aqui. Talvez o único modelo que seja páreo para ele seja o HTC One, mas não é vendido por aqui. Portanto, se você deseja um smartphone que seja 'top' em tudo, vá de S4.
Além disso, ele traz uma característica antes restrita somente ao iPhone. Quando alguém vê um S4 na sua mão, logo pede para experimentar, faz perguntas e capricha nos elogios. Não é um smartphone com tela Full HD, 4G e quad-core 1.9 GHz, etc. É um Samsung Galaxy S4, e somente isso já é o suficiente para chamar a atenção. Porém, é um upgrade considerável em relação ao S3? Não. Quem comprou a geração anterior do aparelho não verá grandes diferenças, já que o Galaxy S3 ainda tem bastante gás para a maioria das tarefas do dia a dia e terá boa parte dos softwares do S4 incorporados em breve.
Vantagens
- Tela de 5 polegadas de altíssima difinição e qualidade fora de série;
- Processamento de sobra para qualquer tarefa, sendo cerca de 2 vezes mais potente do que a versão anterior;
- Sensores precisos e funcionais;
- Softwares úteis e muito bem integrados com o sistema;
- TouchWiz forte, não exigindo uma curva de aprendizagem para quem quer migrar do Galaxy S3;
- Gerenciador de energia bastante eficiente;
- A-GPS, GLONASS, NFC, 4G, Bluetooth 4.0 e praticamente qualquer recurso atual está presente;
- Mesmo antes do lançamento, a Samsung já garantiu que ele receberá o upgrade para a próxima versão do Android.
Desvantagens
- Apesar de tudo, tem um preço alto;
- Embora seja vendido como modelo de 16 GB, somente 8 GB estão disponíveis para o usuário;
- A bateria poderia ser mais durável;
- Não é um upgrade considerável em relação à versão anterior, já que a maioria dos softwares que citamos serão incorporados ao Galaxy S3 em breve;
- O Knox foi anunciado como um feature, mas ainda não está presente;
- A câmera não recebeu upgrades consideráveis.
E aí, ficou com vontade de ter um S4? Conte-nos o que achou!
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